Profissionais de diferentes escolas do Rio de Janeiro e São Paulo dão dicas para fazer uma adaptação escolar gentil e respeitosa

Todo mundo diz que o ano só começa após o carnaval. Para os alunos de diferentes escolas do Brasil, essa máxima se faz presente. Afinal, muitas escolas e famílias, optam por iniciar as aulas após a folia. Depois das férias e festas, chega a hora da separação, de enfrentar o novo, seja colégio, turma, ou mesmo iniciar a vida escolar. Mudar gera desconforto, estranheza e até mesmo insegurança. Essa transição de séries e turmas, tudo isso faz parte da vida educacional de todo ser humano, e todas essas fases trazem consigo novos horizontes, experiências e medos. Para auxiliar pais e crianças, conversamos com profissionais de diferentes escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo para saber como fazer uma adaptação escolar gentil e respeitosa. Confira!




Acolhimento e atendimento humanizado


Alessandra Guedes Rondina, Diretora Geral da Escola Canadense de Niterói, explica que quando os alunos se sentem abraçados logo nos primeiros dias de aula, tudo fica mais simples e fácil. “Imersos na cultura canadense, os primeiros dias de aula são dedicados ao acolhimento e integração. Motivados por práticas hands-on e dinâmicas que estimulam a comunicação entre os estudantes, este é o momento para conhecer a rotina, o dia a dia na escola”, diz a profissional que detalha o que acontece na sequência: “Depois do reencontro com os antigos colegas, o acolhimento aos novos e a apresentação das expectativas para o ano, os alunos embarcam nas diversas atividades preparadas por seus professores”.


Em Campos dos Goytacazes, Alaide Maria Saab da Silva Teixeira, Coordenadora Pedagógica do Colégio Centro de Estudos aposta na compreensão e na escuta ativa.


“A adaptação escolar é um processo de familiarização extremamente importante na vida dos alunos e familiares. Por isso, precisa ser feito com muito carinho, empatia e escuta ativa, para que este período ocorra de forma tranquila, segura e repleto de experiências significativas tanto para os discentes quanto para os responsáveis”.


Alaide reforça a importância de os pais estudarem qual a escola que mais tem a ver com o perfil do seu filho:


“Antes de decidir matricular seus filhos em uma instituição de ensino, as famílias já passaram por todo processo de preparação em busca da melhor escola, melhor metodologia e a que mais se adequa aos princípios e valores que as norteiam. Afinal de contas, essa escolha representa um grande passo em direção ao alcance de objetivos futuros. É um momento de construção de uma relação que se inicia desde o primeiro contato com a instituição na recepção da escola, até o desenvolvimento do aluno em sala de aula”, declara a profissional que pondera que o desconforto acaba atingindo a família toda, em alguns casos.


“Qualquer processo de mudança provoca desconforto seja para crianças, adolescentes ou adultos. Quando falamos de qualquer transição escolar, por mais que cada família tenha suas próprias particularidades, nos referimos a um período que costuma gerar um “mix” de sentimentos que impactam a família toda, tais como: ansiedade, euforia, alegria, medo e insegurança. São sensações que acompanham a vida acadêmica dos alunos a partir do momento em que os pais decidem matricular seus filhos em uma escola”.




Amor e estratégia


Alaide pede desculpas ao dizer que não há uma receita de bolo nem segredo especial, mas que a integração família x escola é primordial. “Tudo depende da relação família, escola e do relacionamento que os alunos irão criar com toda comunidade escolar. Desta forma, ressalta-se a importância de realizá-la de forma respeitosa, entendendo o tempo da criança e a necessidade de pais e responsáveis. Nada melhor do que utilizar a pedagogia do amor em suas estratégias pedagógicas. Esta sim, é infalível, personalizada e atemporal!”.


Em São Paulo, no Colégio Anglo Leonardo da Vinci, Adriana Gobbo é diretora de uma das unidades da escola e acredita na confiança estabelecida entre alunos e todos os profissionais da escola. “O processo de adaptação escolar traz desafios para todos, afinal, é uma situação nova em que a família, a criança e a escola precisam construir vínculos e laços de confiança. Desde a portaria até a sala de aula, todos os funcionários participam desse processo não apenas para acolher aos alunos que ingressam pela primeira vez na escola, mas para com todos que estão mudando de turma”, explica Adriana que analisa a necessidade de fazer a transição de forma gradual, respeitando o tempo de cada criança:


“Entre as dificuldades, estão a separação e a necessidade de a criança passar algumas horas em um lugar diferente, com pessoas que ainda são desconhecidas e por isso, na Educação Infantil fazemos a adaptação aos poucos, num período que varia de uma a duas horas por dia, ao longo de uma semana, sempre buscando observar a criança e compreender a delicadeza deste momento para que cada vez mais se sinta confortável e segura. De forma gradativa a criança se desvincula, temporariamente dos pais para que consiga assumir os desafios diários de pertencer a um grupo”.


Quem concorda e corrobora com as outras profissionais é Ivone Ferreira Santos, psicóloga do Colégio Novo Tempo, de Santos, litoral paulista. Ela diz que os pais, às vezes, sofrem mais do que as crianças:


“Os momentos de transição de segmento representam grandes desafios na vida escolar para os alunos e famílias. Os pais imaginam que perderão o lúdico e precisarão adquirir mais autonomia, assumir maiores responsabilidades, executar tarefas com conteúdos mais complexos, a expectativa de serem alfabetizados, sistema de avaliação e atribuições de notas, receio de terem que lidar com frustrações por insucessos. Todas essas questões são previsíveis, desencadeiam sentimentos de insegurança, medo, desestabilizam emocionalmente tanto as crianças, como os pais, e a escola pode contribuir para amenizar essa angústia planejando ações no decorrer do ano para facilitar o processo de transição”, comenta Ivone que complementa:


“Os pais podem incentivar a autonomia e reforçar, em conversas com os filhos, os aspectos positivos dessa mudança, afirmando que estão crescendo, conquistando novos espaços e aprendizados, fortalecendo laços de amizades, ampliando possibilidades de novas experiências. A compra do material pode ser estimulante, negociando interesses e escolhas, organizando junto os pertences, antecipando e estimulando um novo recomeço”, finaliza


Adriana Hercowitz

Agência A+

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